segunda-feira, 25 de agosto de 2008

No dia seguinte...

PÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ!
-Desliga essa droga de despertador, Lu!
-Eu? É a sua vez Deeh!
-Minha vez? Minha vez? Sem chance! Quer me explicar porque é que a gente deixou essa coisa ligada?
-Sei lá... Não me lembro de tê-lo deixado ligado... Antes de entrar naquele maldito coma eu só enfeiticei ele para tocar no dia em que entraremos de férias... espera aí! Que dia é hoje?
-Espera aí... Droga, cadê o calendário? Ah, sim, aqui. Hoje é... Amiga acho que endoidei... Ou nós ficamos muito tempo em coma ou não tem outra explicação... Olha isso aki!
-É... AH, MEU DEUS! É HOJE!
-É, É HOJE! LEVANTA LOGO, CRIATURA, TEMOS QUE ARRUMAR NOSSOS MALÕES E COMUNICAR AOS OUTROS QUE DEVEM ESTAR SEM NOSSÃO DO TEMPO QUE PASSOU AQUI! É PERIGOSO A GENTE PERDER O TREM!
Assim começou o dia de Débora Summer e Luiza Dumbledore. Débora mau-humorada, levantou-se lentamente e escancarou a janela.
-Como é que tá o meu cabelo? – resmungou ela para Luiza, a cara ainda inchada pelo sono
-Rosa! – respondeu Luiza tentando descontrair, esfregando os olhos, sentando-se na sua cama – E curto, bem lisinho, formando uma franjinha. Ele tá legal, hoje.
-Levanta logo, a gente ainda tem que fazer as malas – Luiza se levantou e abriu as portas do guarda-roupa, e foi separando um monte de peças e jogando sobre a cama desarrumada
-Mãos a obra então. – disse Débora, levantando-se também, e começando a remexer as roupas em uma mala jogada num canto – Me empresta aquela sua jaqueta preta?
-Aff, sem chance! – olhou outra vez dentro do armário – Epa! Peraí, você já pegou? – virou-se e viu a reluzente jaqueta de couro carinhosamente dobrada nas mãos da amiga – Nem vem, Deeh, essa jaqueta é a minha favorita!
-Azar seu, ela é a minha favorita, também! – retrucou Débora, vestindo a jaqueta como se ela fosse um manto real – Fala sério, ela fica muito melhor em mim!
-Então compra uma igual pra você e devolve a minha! – exclamou Luiza, já puxando a jaqueta por uma das mangas – Solta ela agora! Se ela rasgar...
-Ah, toma, vê se engole também! – disse a outra, por fim, jogando a jaqueta na cara da amiga – Eu pego escondida mesmo!
Por fim, as duas se decidiram quanto às roupas e passaram para a arrumação das malas. A bagagem de uma bruxa é muito diferente da de uma garota trouxa. Inclui, além das coisas normais, como roupas, coisas para cabelo e bijuterias, lembróis, pergaminhos, frascos com restos de poções, livros de feitiços, penas e tinteiros... A mala, um imenso baú de couro, costumava ficar cheia até a borda com as coisas que as duas levavam, e ainda assim elas dependiam de bagagens de mão. Conforme arrumavam as malas, também organizavam o quarto, pois eram as últimas a sair do dormitório das garotas que já estavam no saguão prontas para partirem.
-E o Di? Mandou o Cálice com o veneno para a tia? – disse Débora a Luiza, enquanto recolhia alguns pergaminhos velhos e jogava dentro de uma mochila.
-Não – respondeu Luiza, olhando a janela – Que estranho, né? Eu teria mandado ontem mesmo para aquela bruaca!
-Te passou pela cabeça que ele pode estar com medo? – falou Débora, enquanto calçava seus tênis – Eu estava reparando... e ele deve ter receio de que as ameaças continuem...
-Um grifinoriano com medo? – emendou Luiza, dando um sorrisinho.
-É, deve ser neura minha mesmo – continuou a outra, sorrindo também, mas logo a expressão do rosto se endureceu outra vez – Fala sério, o que está acontecendo de verdade?
-Sei tanto quanto você – respondeu a amiga, jogando um maço de penas para a sua mala. De repente, invadindo o quarto, entrou uma garota alta, os cabelos longos castanhos e lisos, olhos castanhos-claros, maçãs do rosto salientes. Estava toda vestida de amarelo, usava botas longas de salto alto e arrastava o seu malão pelo carpete. Nas costas, carregava uma bolsa com algo grande e plano.
-Amanda! Isso é jeito de entrar? – berrou Luiza, indignada. -Como passou pela Mulher gorda?
Amanda, ou Mandy, como as amigas a chamavam, era lufa-lufana, mas vivia na torre da grifinória. Por intermédio de Diego, havia conhecido as duas amigas e agora não se separavam mais.
-Eu resolvi passar aqui pra buscar vocês. E já estava adivinhando que vocês iriam se atrasar, não é? – disse Amanda, descansando a grande bolsa no chão – É melhor a gente ir logo, o trem vai sair em uma hora e meia e eu quero pegar lugares bons. É muito estranho isso para todos nós que estivemos em coma, mas parece que as únicas que se perderam no tempo foram vocês! O restante dos nossos amigos estão todos prontos.
Elas concordaram prontamente. Depois que as malas todas foram arrumadas, o quarto ficou praticamente limpo.
-Vou sentir falta disso aqui – murmurou Luiza, andando pelo cômodo.
-Todas vamos – disse Débora, empurrando o pêndulo de um mensageiro-dos-ventos próximo à porta – Mas serão poucos dias. Se eu pudesse ficava na escola.
-Pois é – concordou Luiza – Mas é que é tão triste, sair de um lugar depois que você se acostuma com ele... Vai dar tanta saudade...
-Tá, tá – disse Amanda, impaciente – Vamos parar com essa melação logo antes que eu comece a chorar.
Elas riram, e Luiza e Débora apanharam as varinhas, e então saíram da torre da Grifinória.