quinta-feira, 12 de março de 2009

A Mãe a a Aranha (remixando o médico e o monstro)

Elinor riu, enquanto olhava uma manchete sobre o ministro da magia, Diego Blanc. Sempre tinha que ter um jornal idiota...
Ela brincou com o refogado de legumes com a colher pacientemente, enquanto observava o filho comer. Benjamin já tinha cinco anos. Elinor nem percebeu o tempo passando.
- Ei. – A mulher cutucou a mão clara do garoto ao seu lado. – O que achou da comida.
- Tem muita água na sopa. – Ele murmurou
- Algum dia eu acerto! – Eli riu
Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, enquanto Benjamin remexia o caldo, sem interesse, e Elinor pensava encarando o lustre de ferro preso no teto.
- Vamos viajar pra França... Á trabalho! – Ela acrescentou vendo que o no rosto quase sempre apático do filho abrira-se um largo sorriso – É a semana de moda, sabe... E nada de hotel cinco estrelas!
- Você é famosa, devia poder pagar por uma coisa dessas... – Ele disse mal-humorado, debruçando-se sobre a mesa.
- Ei! – A mulher tocou a ponta do nariz do filho com o dedo – Eu não sou modelo, eu só visto elas!
- A Outra Mãe iria me levar pra um hotel bem bonito na praia... – Ele fez um biquinho, ainda bravo.
- Se a teia dela alcançar algo além da casa do vizinho... – Elinor murmurou revirando os olhos – E se faz tanta questão de um hotel cinco estrelas, vou pedir pra Outra Mãe ir ver isso com você na hora de dormir...
- Ah não, mãe! – Benjamin levantou o rosto de repente, com um brilho assustado nos olhos – Era brincadeira, a Outra Mãe dá medo!
- Será mesmo? – Elinor sorriu maliciosamente – Ela gosta taaanto de você...
- Ela gosta é do meu sabor, isso sim! – O garoto disse num tom suplicante – Será que eu tenho gosto de inseto?
- Deixa eu ver... – Eli debruçou-se sobre a mesa e colocou a boca no braço do filho, assoprando emitindo aquele som característico (que ninguém gosta de ouvir se não vier pela boca), provocando risos em Benji.
- É, você tem gosto de besouro! – Ela brincou se inclinando para frente e juntando o seu nariz com o do garoto, que riu novamente.
- Promete que não vai chamar a Outra Mãe? – Ben perguntou, trocando o rosto feliz por um preocupado.
- Prometo sim. – Elinor sorriu, e depois se afastou – Agora, está tarde...
- Não tô com sono... – O garoto mentiu.
- Será que eu vou ter que chamar ela? – Eli arqueou as sobrancelhas e cruzou os braços.
- To indo! – Benjamin pulou da cadeira no mesmo instante e contornou a mesa correndo, até chegar numa grande porta dupla de carvalho, que abriu com alguma dificuldade.
- Bons sonhos, besourinho! – Eli gritou ainda sentada na mesa.
- Boa noite, mãe!!!! – Ele disse esganiçado.
Ela encarou a porta em que o menino desaparecera por alguns segundos, então sorriu. Não sabia quando deveria contar que o segredo da “Outra Mãe” era uma máscara, papel machê e alguns móveis bizarros guardados no porão. Talvez quando ele ficasse mais velho, mas antes de aprender a estuporar...
Ela também se levantou da cadeira e começou a recolher os pratos, assobiando notas desconexas e alegres.
Seria uma vida entediante, se pela manhã aquela casa não se enchesse de ajudantes, costurando, desenhando e irritando, e as viagens constantes por todo o mundo. Mas a noite era sempre muito normal e tranqüila (exceto quando a “dona-aranha” tinha que aparecer por lá). Comida comestível, filho teimoso, casa quieta, colchão duro que já estava detonando as costas de Elinor e um par de pantufas surradas que, depois de tantos anos, ainda flutuavam.
Trabalho estranho, dia estranho. A noite era o único período do dia que ia do entediantemente normal ao escalafobeticamente bizarro, com direito a bombons em forma de inseto e um armário esquisito que parecia, realmente, com um baratão.


N/A: kkk.... Me desculpem, mas não deu pra segurar... Eu assisti Coraline, amei, fiquei viciada e vejo a Outra Mãe em tudo quanto é canto xD. Não deu pra evitar, não deu...
Kkkk... Ah, e sim, Lily também vai voltar dos mortos... Cedo ou tarde xD

Por Eli.